domingo, 30 de dezembro de 2007

O Velho Justo


Ninguém jamais chamou a vovô de Velho Justo. Durante muito tempo só o chamava de Vovô Dindinho, porque era meu padrinho de batismo - batizava os netos, apesar de ser agnóstico declarado e militante, livre-pensador, como se dizia. Para os de fora da família era o Doutor Justo, embora só fosse bacharel em direito; uma vez me contou que se recusou a apresentar tese de doutoramento depois da colação de grau na Faculdade de Direito (era comum escreverem tais teses) porque achava uma inutilidade e perda de tempo.

Chamava-se Justo, Justo Rangel Mendes de Moraes, devido ao avô materno, Justo de Azambuja Rangel, engenheiro de ponts et chaussées. Que se chamava Justo devido ao pai, Justo José Luiz, casado com Rita Justina de Azambuja Rangel - e daí sobe o pedigree até o fundador de Porto Alegre, Jerônimo Dornelas, indefinidamente pelas famílias da ilha da Madeira.

Duas vezes recusou uma cadeira no Supremo. Dizia que era mais honroso permanecer como advogado. Uma vez foi, creio, no começo do regime Vargas, logo depois de 1930; outra vez no tempo do Dutra.

A foto é de cerca de 1935.

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