quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Vovó e sua família


Vovó, Herminia Gomes de Mattos Cresta, nasceu no Rio em 5 de maio de 1888 e morreu na mesma cidade em 9 de julho de 1977. Casou em 28 de julho de 1908 com vovô, o Velho Justo, Justo Rangel Mendes de Moraes.

Depois falo de vovô, Vovô Dindinho, porque era meu padrinho (fui batizado no dia do aniversário dele, 14 de janeiro de 1946, ele fazendo 63 anos).

Vovó e vovô viviam na casa imensa de Copacabana — no meio de um terreno de mais de mil metros, tinha dez quartos, uns três salões: sala de visitas, ou sala do piano, onde ficavam um piano Érard de meia cauda, uma mesa de Boulle que com certeza não era do Boulle original do século XVII, mas de algum carpinteiro especializado em marchetaria do século XIX, e vários quadros, entre os quais uma Madonna que me fascina até hoje; o hall central, que virou uma espécie de sala da televisão, enorme, com vigas no teto, expostas, pintadas de marron escuro, a tv num console com toca-discos e rádio num canto junto de um dos arcos se abrindo para a varanda; e a sala de jantar, com sua mesa para vinte lugares, e, numa bay window, separada da sala por um degrau, com uma mesa na qual os netos menores almoçavam antes do almoço formal dos adultos.

Vovó era filha de um italiano, genovês, Emmanuel Cresta, e de uma carioca, D. Leonor Gomes de Mattos. Depois falo do bisavô italiano, cujo nome se pronuncia Emânuel, nome de meu tio caçula, poeta e advogado, Emanuel de Moraes. Agora vou falar da surpreendente família de vovó, toda carioca até o século XVI. Ela não sabia disso; nenhum de nós sabia dessa ascendência, levantada pelo Rodrigo Estrella neste ano de 2007.

Vou dar a linha direta, varonia, dos Gomes de Mattos:

I. José da Silveira. (Tem alguma dúvida aqui, ou alguma confusão que ainda se vai esclarecer.) Senhor de engenho em Inhomirim. Inhomirim é na Raiz da Serra, ao pé da Estrada Velha de Petrópolis (ou da Calçada de Pedra, o antigo peabiru — caminho dos índios — que adentrava o país, e que foi calçado pelos bandeirantes). Nascera em fins do século XVI, nas ilhas, e seu nome seria de Toledo da Silveira.

O engenho poderia não ser de açúcar, mas sim um engenho de moer mandioca, já que a região era produtora de mandioca.

Se a interpretação dos documentos estiver certa, teria casado com uma Inês da Costa. Pais de:

II. Antonio de Toledo. Este personagem é certo. Teria nascido em começos do século XVII, e casou-se com Maria Lopes de Figueiredo, n.c. 1619, provável filha do vereador Alexandre Lopes de Figueiredo, n. 1585, e de Ana de Góes. Pais de:

III. Alberto de Toledo. Casou com Ana Gomes, filha de Dom Fernando Ramirez e de Inês da Costa (que seria a mesma supra). Pais de:

IV. Valério Gomes da Silveira. Nasceu em 1689 ou 1690 em Inhomirim: provavelmente foi batizado em 22 de janeiro de 1690, em Inhomirim, nas terras de sua família, na igreja de N. S. da Piedade.

Casou-se em 1736 com D. Maria do Bonsucesso, ou D. Maria Antunes de Mattos, nascida em 1710 e batizada em S. Gonçalo, filha do licenciado José Antunes de Mattos e de sua mulher Maria Vieira. Esta Maria Vieira era filha de Baltazar Vieira da Veiga e de Catarina de Siqueira, filha de André de Siqueira de Lordello, n. 1612, vereador, e de Madalena de Campos, n. 1624, filha de Bento Maciel Tourinho, da família de Pero do Campo Tourinho, donatário de Porto Seguro (Bento era filho de outro Pero do Campo Tourinho, que viveu no Rio, e não deve ser confundido ao donatário). Teve sesmaria em 1749 “nas bandas de um rio que chamam Piabanha,” junto das terras de Francisco Muniz de Albuquerque.

Pais de:

V. Dr. Filipe Gomes de Mattos. Primeiro a usar o nome Gomes de Mattos. Foi batizado na igreja de N. S. da Piedade de Inhomirim em 21 de maio de 1745, e casou em 1787 com D. Maria Joaquina de S. José, ou do Bonsucesso, filha de Bartolomeu Machado Ferreira, natural da Terceira, e de sua mulher Joaquina Ignacia da Luz.

Padrinhos de batismo do Dr. Filipe Gomes de Mattos foram Francisco Moniz de Albuquerque e sua mulher D. Maria de Meneses. O Dr. Filipe graduou-se em Coimbra em cânones em 1774 (o processo de concessão de seu diploma foi descoberto pelo Rodrigo Estrella). Francisco Moniz de Albuquerque tinha uma enorme sesmaria no caminho da Posse, aqui em Petrópolis, e ao lado desta sesmaria teve terras Valério Gomes da Silveira.

Daí segue a linha Gomes de Mattos. Bivó Leonor, D. Leonor Gomes de Mattos, era filha de Antonio Gomes de Mattos Jr., dado como o Pai da Marinha Mercante Brasileira, e de D. Joaquina Rosa de Oliveira Costa, que deu o nome à “Praia da Joaquina” perto de Florianópolis, e neta de Antonio Gomes de Mattos e de D. Bernardina Florinda Naite, casados em 1826.

Antonio Gomes de Mattos, o primeiro, era filho do Dr. Filipe.

Vovó descendia também de Antonio de Marins ou Mariz (o “Dom” Antonio de Mariz de O Guarani), e da irmã de Aleixo Manuel, que em meados do século XVI abriu a Rua do Ouvidor no Rio (Pedro me acrescenta: rua de Aleixo Manuel, depois rua do Desvio da Praia, e então rua do Ouvidor). E tem uma linha nos Meneses que chega longe, pela idade média. Depois posto isso.

Também assinalo as três escravas de que descendemos, nesse lado.

Na imagem: a concessão da sesmaria junto ao Piabanha, uma légua em quadra, a Valério Gomes da Silveira. (Obrigado, Rodrigo Estrella; imagem cedida pelo IANTT.)

4 comentários:

Emanuel Gomes de Mattos disse...

Vou por partes:
1. Meu nome completo é José Emanuel Gomes de Mattos, 56 anos, jornalista, nascido em Porto Alegre. Meu pai chamava-se José Mauro Gomes de Mattos, nascido em Icó, Ceará, em 1928. Seu pai chamava-se José Gondim Gomes de Mattos, também nascido em Icó, onde casou-se com Neusa Graça Gomes de Mattos, que faleceu com mais de cem anos de idade, não faz muito. Eles tiveram sete ou oito filhos: José Mauro (que era jornalista e trabalhou nas Rádios Anita Garibaldi, Jurerê e Guarujá, todas em Florianópolis - comandou um programa que a gente chamava de 'palco-auditório na época), tia Elza, tio Luís, tia Zélia, tia Estela, tio Hugo e a tia mais nova, cujo nome escapa agora, também falecida). Todos os filhos de José Gondim, à exceção de meu pai e da tia mais nova, que esqueço o nome, estão vivos. Não sei em qual ramo familiar estamos enquadrados. Meu avô, José Gondim, lecionou na Faculdade de Botucatu, São Paulo, onde faleceu e há uma rua com o seu nome na cidade. Tenho também dois irmãos, o mais velho chama-se José Ariel Gomes de Mattos e o mais novo, José Ícaro Gomes de Mattos. Qualquer informação adicional, podemos conversar pelo e-mail, que deixo ao final: eman@glbo.com

Francisco Antonio Doria disse...

Não sei se estes Gomes de Mattos do Ceará descendem também do casal carioca Valério Gomes da Silveira e Maria Antunes de Mattos. Como já lhe disse, Helio Jaguaribe é desse ramo.

marcos disse...

No catálogo de Sesmarias da APMMG, editado em BH no ano de 1900,consta o Antônio Gomes de Mattos,como Sesmeiro em Minas Gerais no ano de 1773.Os Mattos,são influentes,principalmente na política da grande Belo Horizonte.

gabe disse...

Sou descendente de Valério Gomes de Mattos, que tambem teve um filho chamado Fellipe Gomes de Mattos. Parece que esses nomes se perpetuam na familia.