sábado, 5 de janeiro de 2008

Monizes e Meneses


Os Meneses do Rio dos seiscentos provêm dos Monizes da ilha da Madeira, estes que são Monizes Barretos de Meneses. E carregam e carreiam um titulo de nobreza — para as mulheres que deles descendem. Todas. Pois as senhoras dos Monizes Barretos têm o Dom das senhoras, isto é, têm direito a se chamar (e serem chamadas) Dona:

Dom Joham cetera a quamtos esta minha carta virem faço saber que Vasco Martins Moniz morador na minha ilha da Madeira me enviou dizer que por ele ser filho de Vasco Martins Moniz e neto d'Amrique Moniz, alcaide mor que foi de Silves e de Dona Ines Barreta sua mulher e bisneto de Dona Isabel Pereira tamto que ele Vasco martins supricante casara com a filha de Tristão Teixeira, capitão de Machico, a dita sua mulher se chamara ate hora de dom pedindo me por mercê que por a ordenação nova sobre tal caso feita nam decrarar senão que as mulheres podessem tomar dom de suas mães ou sogras se lhe pertencessem de direito às ditas mães e sogras e de ele ser bastardo lhe prouvesse a elle e visto por mim o seu requrimento querendo-lhe fazer mercê pelo da Excelente Senhora minha muito amada e prezada prima que me isto por ele pediu hei por bem que a mulher do dito Vasco martins se possa chamar e chame de dom como se chamava antes da dita ordenação nova e te ora se chamou sem embargo de a dita ordenação nam decrarar se pode a mulher tomar dom da avo de seu marido e sendo bastardo (carta de 16.1.1526).

(Leitura de Miguel Corte Real, que me comunicou o texto.) Esse tratamento de Dona das senhoras desses Monizes Barretos vinha de uma antepassada Pereira, família que usava o Dom e o Dona desde meados do século XIV.

Os Monizes Barretos de Meneses, no Rio, descendem de Vasco Martins Moniz, citado no texto acima, † 1510, filho de Henrique Moniz e de D. Inês Barreta. Do terceiro casamento de Vasco Martins Moniz, com D. Joana Teixeira, filha de Lançarote Teixeira e neta de Tristão Vaz, co-descobridor da Madeira, foi filho Henrique Moniz de Meneses, † 1555.

Do segundo casamento deste Henrique, com D. Inês Gramacho, † 1562, nasceu e.o. Antonio Moniz Barreto (1542-1586). Este se casou com D. Maria Teixeira, † 1610.

Entre outros tiveram à filha D. Antonia de Meneses, n. 1576, e casada em 1591 com Fernão Lopes Lobo, filho de Francisco Fernandes e de sua mulher Maria Henriques Loba.

Pais de, entre outros, Antonio Moniz Barreto e Diogo Lobo Teles. Ver em seguida.

Volto ao Rio do século XVII.

Há duas D. Isabel de Meneses, nas datas em que deve ter nascido a D. Isabel de Meneses (c. 1630):

— D. Isabel de Meneses, bat. Sé em 15.3.1627, filha de Diogo Lobo Teles e de s.m. (casados em 1624), D. Maria da Silveira — parente dos Toledos da Silveira, da outra linha.

— D. Isabel de Meneses, bat. Sé em 27.6.1632, filha de Antonio Moniz Barreto, irmão de Diogo Lobo Teles, e de sua segunda mulher D. Antonia de Mariz. A primeira mulher fora D. Maria Cabral, † 1628 no Rio, filha de Aleixo Manuel o moço.

Me parece que D. Isabel, casada com João de Faria Evangelho, era esta segunda, devido ao contraparentesco entre os dois. Antonia de Mariz era filha de Antonio Mariz, o moço, e de Paula da Cunha, e neta do primeiro Antonio de Mariz.

Uma observação final: uma neta de Antonio Moniz Barreto casou-se com Rodrigo de Freitas Castro, de quem veio o nome da Lagoa, no Rio, Lagoa Rodrigo de Freitas.

Ponho como ilustração as armas dos Meneses, conforme aparecem no Livro do Armeiro-Mor. (Os direitos da imagem pertencem ao IANTT.) Descrevendo: de ouro, tauxiado, pleno. Timbre (falta): uma donzela vestida, de sua cor e carnação, segurando nas mãos preso por um troçal um escudete das armas.

Um comentário:

jose luiz ablass disse...

Interessou muitíssimo. Quero saber como Domingos Alves Branco Moniz Barreto(1748-1831)se encaixa nos Monizes Barretos do Rio de Janeiro. Sei que a sua avó se chamava Dona Marianna da Glória Moniz Barreto e estava casada com o Sargento-Mor Domingos Alves Branco. Gostaria de conhecer os elos que fazem a ligação dela com Vasco Martins Moniz(+1510)e sua mulher, Joana Teixeira. Agradeço antecipadamente qualquer informação sobre essa conexão. José Luiz de Freitas Guimarães Ablass