domingo, 18 de fevereiro de 2007

Dos Azzarolis aos Acciaiolis aos Achiolis e Acciolis

Sou cético, e à medida em que envelheço, fico ainda mais cético. Há vários anos, lendo alguma coletânea de documentos florentinos do século XIV no Muratori, vi as muitas referências aos Azzarolis — que, sabia bem pelo contexto, eram os Acciaiolis. Tomei a grafia Azzaroli como sendo uma corruptela qualquer, sem maior importância. No Catasto de 1428, aparecem já como Acciaiolis.

O mito familiar é: Gugliarello Acciaioli, de uma família de armeiros guelfos de Brescia (lavoratori in acciaio) foge, em 1161, do torrão natal porque escapava a Barbarroxa, e se abriga em Florença, onde compra terras no Val di Pesa e constroi, sobre as ruínas de um castelo abandonado, uma torre conhecida como La Gugliarella. Derrubada depois do século XV, foi o núcleo central de Montegufoni, o castelo dos Acciaiolis — houve outros castelos Acciaioli próximos a Florença, e duas fortalezas hoje desmontadas, uma sobre a acrópole de Corinto, e outra na própria acrópole ateniense, construídas pelos duques de Atenas da família.

E' possível que fossem, no entanto, Azzarolis mesmo, plantadores de acerola e criadores de cordeiros. Enriquecem com o comércio da lã, entram na corporação dos comerciantes de lã, a Arte di Calimala, e, fortuna feita, tornam-se banqueiros e membros da Arte del Cambio. A historinha da origem em armeiros é um mito, ou seria um mito, para ``melhorar'' as origens vilanescas da família. Como os Medici, campônios do Mugello que, enriquecidos, tornam-se em banqueiros e depois em senhores de Florença.

A linha de meu bisavô é:

1. Gugliarello Acciaioli
Segundo a lenda familiar, passa de Brescia a Florença em 1161; inscreve-se na Arte
del Cambio—é banqueiro. C.c. ... Riccomanni. Referido
num documento de 1237. Pais de:

2. Riccomanno Acciaioli
Citado em 1237, casou com uma ...Guidalotti? Pai de:

3. Acciaiolo Acciaioli
Do Sesto di Borgo e do popolo da S.S. Trinità. Entre outros
teve o filho:

4. Lotteringo Acciaioli
Enterrado em frente ao altar-mor da igreja de’ S.S. Apostoli
em Florença. Atestado entre 1260 e 1293; está entre os
que em 1280 assinam a paz intermediada pelo cardeal
Latino. Casou com Bella di Guido Mancini. Pais de:

5. Leone Acciaioli
Do Consiglio de’ Priori em 1311. Pai de:

6. Zanobi Acciaioli
Casou em 1352 com Lena d’Uberto di Lando (Orlando) degli Albizzi.
Pai de:

7. Michele Acciaioli
Dos priores em 1396 e em 1409. Casou com Lisa di Paolo
di Cino de’ Nobili. Tiveram a:

8. Zanobi Acciaioli
Inimigo acérrimo dos Médicis, ao contrário de seus
filhos e demais parentes, esteve em 1433 na balía
que determinou o exílio de Cosimo de' Medici, “il
Vecchio.” Foi prior em 1418 e 1430, e casou com Lia
Lapaccini. Pais de:

9. Benedetto Acciaioli
†1506, prior em 1470, podestà de Civitella (1488). De
Nanna d’Ormanozzo Dati, teve:

10. Zanobi Acciaioli
N. 26.9.1476, e casou com Ginevra Amadori, filha de
Benozzo Amadori, filho de Niccolò Amadori e neto de
Angiolo Amadori, casado com Lucia Acciaioli, irmã de
Neri II, † 1453, e Antonio II, ambos Duques de Atenas. Pais
de:

11. Simone Acciaioli
Simão Achioli, n.c. 1496, †15.2.1544, tronco dos Acciaiolis
e Acciolis no Brasil e em Portugal—passou à Madeira em
1515. Casou com Maria Pimentel Drummond, filha de
Pedro Rodrigues Pimentel e de Izabel Ferreira Drummond.
Tiveram a:

12. Zenóbio Acciaioli
† 20.5.1598. Casou em 19.5.1562 com D. Maria de
Vasconcellos, † 24.9.1621, filha de Duarte Mendes de
Vasconcellos, †1554, dos bons Vasconcellos Alvarengas,
descendentes de Egas Moniz “Aio” e dos Abunazares da
Maia, descendentes idríssidas do Profeta do Islã, e de Joana Rodrigues
Mondragão. Pais de:

13. Gaspar Acciaioli de Vasconcellos
N. e † na Madeira, 1578-4.5.1668. Passou ao Brasil, a
Pernambuco, onde casou em 10.6.1618 com D. Ana
Cavalcanti de Albuquerque, †...3.1674, filha de João
Gomes de Mello e de s.m. Margarida de Albuquerque, e
por esta neta de Filippo Cavalcanti e de Catarina de
Albuquerque. Filho:

14. João Batista Acciaioli
(1623-1677) sargento-mor da comarca de Pernambuco,
e casado com D. Maria de Mello, filha de Manuel Gomes
de Mello e de s.m. D. Adriana de Almeida Lins. (Maria de
Mello fora common-law wife (?) de Kaspar von Neuhof,
gennant Ley — Gaspar Wanderley.) Filha destes:

15. D. Maria Acciaioli
Casou em 1668 com José de Barros Pimentel, filho de
Rodrigo de Barros Pimentel e de s.m. D. Jerônima de
Almeida Lins, a matrona, e n.p. de Antonio de Barros Pimentel, n.c. 1550 em Viana, o primeiro destes no Brasil. José de Barros Pimentel foi capitão-mor e sr. do engenho “do Morro” em Porto Calvo. Pais de:

16. Francisco de Barros Pimentel Acciaioli
N.c. 1680 ou depois; mudou-se para a Vila das Alagoas,
onde foi sr. do engenho “Novo.” Casou com D. Antonia
de Caldas de Moura, filha do sargento-mor da Vila das
Alagoas (1696) Manuel de Chaves Caldas. Francisco de
Barros Pimentel chegou a cel. das ordenanças, e estava
viúvo em 1732. Segue:

17. Inácio Acciaioli de Vasconcellos
Cap. de ordenanças na Vila das Alagoas (c.1725—após 1802), casado com D. Ana da Silveira de
Albuquerque, filha do cap. Antonio de Toledo Machado, da varonia dos Fragosos de Albuquerque. Filho:

18. Inácio Accioli de Vasconcellos
(c.1775,Vila das Alagoas—†antes de 1830), sr. do engenho
“Ingazeiras” em Pilar, casou em 2as. núpcias com D. Margarida Correia
Maciel, irmã do Pe. Manuel Correia Maciel, vereador em
Maceió em 1826 e 1828. Tiveram a:

19. José de Barros Accioli Pimentel
(1820-19.4.1879), n. em Massagueira, perto de Maceió, “pai
da medicina alagoana.” Casou c. 1845 com D. Ana
Carlota de Albuquerque Mello. Pais de:

20. Francisco de Barros e Accioli de Vasconcellos
(N. em 28.9.1846 na Vila das Alagoas e † no Rio em
25.9.1907). Tenente-Coronel honorário do exército (fez
carreira na guerra do Paraguai), foi diretor-geral de terras
e colonização durante o segundo império, e coordenou
a imigração italiana para o Brasil. Casou (1872) com D.
Maria do Carmo do Valle, † 1925, filha de João Maria do
Valle, fidalgo cavaleiro da casa real, e de s.m. D. Antonia
Brandina de Castro Pessoa. C.g.

3 comentários:

d.m. disse...

agora eu tenho um livro digital pra procurar as informaçoes :-)

Francisco Antonio Doria disse...

Vou botar os Dorias também. E uma foto de Helio Pellegrino aqui em casa, conversando com Serginho e Chiquinho, e outra de um jantar de intelectuais em 1971...

Francisco Antonio Doria disse...

Acho que só não vou botar matemática :))