domingo, 25 de fevereiro de 2007

A família mais antiga do Brasil?


A família mais antiga do Brasil ou descende de alguém que veio na frota de Cabral, ou descende de algum índio que aqui vivesse, comprovadamente, antes de 1500... Como nossos ancestrais da terra tinham apenas culturas ágrafas, a next best option está em encontrar algum antepassado na frota do “seu” Cabral.

(Tem famílias maias que podem traçar suas genealogias aos séculos XII ou XIII — ou o equivalente, nas suas culturas; tenho a reprodução de uma delas que conforme o caso posso reproduzir aqui.)

Ao que parece, o meu pessoal tem um avoengo na frota de Cabral, um tio-avoengo: Pero Vaz de Caminha. Explico o parentesco. Em 1520 o Dr. Cristóvão da Costa, lente da universidade em Lisboa e desembargador da relação na mesma capital, casa-se com a filha de um colega, Guiomar Caminha, filha do Dr. Fernão Vaz Caminha, também da relação de Lisboa e professor da universidade. Filha, e herdeira, do morgadio dos Caminhas. Penso que o Dr. Caminha — num recibo de 1501 assina, imponente, O Doutor Caminha — era filho de Rui Vaz de Caminha, meio-irmão mais velho de Pero Vaz de Caminha, nascido c. 1450 e † 1500 nas Índias, o escrivão da frota de Cabral. Rui Vaz de Caminha casou-se com Catarina Fernandes, filha legitimada de Fernão Vaz, “clérigo de missa,” e de Constança Afonso.

Ou seja, o nome “Fernão Vaz,” que ainda alcança um primo no século XX, vem desse Fernão Vaz, clérigo de missa, que esqueceu os votos e luxuriou-se com a moça Constança. Seu neto é o Dr. Fernão Vaz de Caminha, que por sua vez passa prenome e patronímico ao próprio neto, Fernão Vaz da Costa, futuro marido de Clemenza Doria.

Na imagem, cujo copyright pertence aos IANTT, o presente de 50 contos que D. Manuel, em 1.4.1520, dá ao Dr. Cristóvão da Costa, quando de seu casamento. Diz, “...Doutor Cristóvão/ da Costa, filho do alcaide-mor de Lagos...” na 5a. e 6a. linhas. E, igualmente ao pé do documento, “Cristóvão da Costa fo. do alcaide-mor de Lagos...”

2 comentários:

Miguel Maria Telles Moniz Côrte-Real disse...

Caro Prof. Doria:

Uma nota apenas. Fazer genealogia não é tarefa tão simples quanto à partida parece. Actualmente acresce-lhe uma dificuldade, geral e não específica: o acesso à informação em quantidade sem a necessária e correspondente ferramenta para uma correcta avaliação.

O senhor é vítima desse desajuste. Baseia-se em autores que "vão a todas" não se inibindo de tratar todos e mais alguns títulos familiares (por exº, neste caso, os Costas) sem o mínimo apetrechamento requerido. Avançam hipóteses e hipóteses e mais hipóteses, opiniões, crenças, profissões de fé etc, etc, etc, as mais absurdas possíveis, sem argumentos e critérios minimamente fundamentados. Na maior parte dos casos baseiam-se tão só e simplesmente na onomástica e cronologia das pessoas envolvidas nos docs. que conhecem (uma pequena minoria disponível em bases de dados).

O resultado, já trágico no presente, sê-lo-á ainda mais no futuro se as coisas se mantiverem neste nível. O erro, a ignorância e o atrevimento, são tão velhos quanto a existência humana o é, mas o seu eco e consequências fazem sentir-se hoje numa dimensão nunca vista e altamente preocupante.

O Dr. Cristóvão da Costa (dos Costas Dórias) nada, mas absoluta e rigorosamente nada, tem a ver com o MFCR Cristóvão da Costa (filho do alcaide-mor de Lagos Afonso da Costa) a que se refere o doc. do Corpo Cronológico reproduzido neste seu Bolg. Este é o genearca dos Costa de Gamboa, de Lagos, cuja geração e descendência é bem conhecida dos estudiosos da famíla Costa de Lagos (de Soeiro da Costa).

Com os meus cumprimentos,

Miguel Côrte-Real

o Calígrafo disse...

Não há quaisquer dúvidas de que uma investigação sem pragmatismo leva-nos, por vezes convenientemente, a resultados de vaidade, e de outros adjectivos que apenas contribuem para a amalgama de conclusões precipitadas, as quais, desvirtuam o resultado pretendido, assim, de investigações "olfactivas", por isso sem método, o resultado é sempre ridículo...